sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

allegOria [acto II]

"guia para viver feliz para sempre
(...) Nos dias seguintes, a princesa andou sempre com o livro do Doc., lendo uma página aqui e um parágrafo ali, sempre que tinha oportunidade. Era como o "guia para viver feliz para sempre" tivesse sido escrito só para ela. Vitória sublinhou as partes importantes a vermelho. (...)
Capítulo III : «Discussões Acaloradas e Silêncios Gelados», dizia: «As palavras podem magoar tanto como um punho. Deve tentar afastar-se.» Isso era realmente verdade. Embora não fossem visíveis, a princesa tinha nódoas negras para prová-lo. (...) »A felicidade é uma escolha. (...) Continuou a ler: «Uma vez a escolha feita, deve procurar, o melhor possível, ser feliz, mesmo que tenha que fingir até conseguir.» (...)
- Doc... Doc... onde estás? Por favor, preciso de ti - lamentou-se olhando em redor. Não vendo o mocho em parte alguma, começou a tremer. E se não o conseguisse encontrar? Que faria? - Doc., preciso de ti neste momento. Já, por favor!
-A impaciência, querida princesa, nada mais é que ignorância do que deve acontecer neste momento - disse Doc. surgindo do nada.
- Oh Doc. estás aí. Graças a Deus! Não sei que fazer. Nada resulta. Ou antes nada não resulta... quero dizer... Oh, Doc.! tentei tanto durante tanto tempo... de que serve? Desisto.
- É melhor ceder que desistir.
- Que queres dizer? - perguntou ela.
- Desiste-se devido ao desespero mas cede-se devido à aceitação.
- Aceitação?
- Sim. Aceitação das coisas que não se podem alterar. (...) Há sempre escolhas - replicou Doc. - Mas mudar outra pessoa não é uma delas. (...) Podes escolher não reagir as coisas que ele diz e faz. Seguires a tua vida o melhor que puderes e viveres tão feliz quanto for possível, aceitando que ele continuará, provavelmente, a dizer e fazer o que tem dito e feito. (...) Podes escolher não estar onde o principe estiver. (...)
- É tudo uma confusão. Nada é como eu pensava. Toda a minha vida está a ruir e eu não tenho forças para o impedir. (...)
- E continuarás a estar esgotada e a tremer e agitada até decidires se ficas ou sais e aceitares o que escolheres. (...)
- O amor sabe bem - afirmou Doc. - Se não sabe bem, não é amor.
- Mas parece amor.
- Se sentes dor mais frequentemente que felicidade não é amor. É outra coisa. (...)
- Sei que tenho que partir, mas para onde?
- Continuarás no caminho da Verdade. (...)
- Bem já aprendi algumas coisas sobre a verdade - aceitou a princesa calmamente.
- A verdade é que os contos de fadas não se realizam e viver feliz para sempre nada mais é que um sonho infantil.
- Pelo contrário princesa, os contos de fadas tornam-se efectivamente realidade - replicou Doc. - Mas muitas vezes são diferentes do que pensamos no inicio. O teu final feliz espera-te no caminho. (...) "

... [continua]

In: "A Princesa que acreditava em contos de fadas"
Marcia Grad, Ed. Presença

3 comentários:

STAR disse...

E cada post que publicas sobre a "nossa princesa"é o mais perfeito convite para eu vir até aqui alimentar a alma! =)

aNDy disse...

Que bom saber!! :)
Sabes? eu, tal como ela, sublinho as partes importantes, aquelas que me tocam o âmago! (temos esse hábito, entre tantas outras coisas, em comum. A diferença é k eu uso lápis!)
E como gosto de partilhar...

S ficares atenta.. ainda restam alguns vislumbres :)

STAR disse...

Sabes? Uma vez, há muitos muitos anos (lol), tive uma discussão com a minha mãe porque ela não entendia o porquê de eu sublinhar e escrever e riscar os livros. Assim dizia-me "Estás a estraga-los! Já não ficam a mesma coisa depois de todos riscados e escritos!" E porque se têm de tratar os livros como peças frágeis e a conservar de forma inaculada? Se (ou quando) eu escrever um livro que maior elogio poderei ter senão ver alguém a sublinha-lo, a fazer anotações, a dar-lhe real uso?
Que se usem os livros!!! =)